
Há coisas do arco da velha.... amanha vai ser dia de acordar tarde, pensei eu toda contente.
Pois sim... pelas 10.ooh começa uma demosntração da "polícia amiga" na escola primária lá embaixo e eram putos a gritar, sirenes a apitar, uma histeria colectiva que só visto, até os pais apitavam!
Uma longa viagem esperava-me, antes uma pequena... e lá tive que abanar os neurónios para me arrastar da cama para fora. Os astros não estavam a meu favor: dia de sol!
Rumei ao sul, oh sul da minha infância, vida e morte! Visitei os amigos idos um por um e por fim... oh Joana! Nunca te hei-de perdoar essa maldita dança final... nunca deixaste tu também de habitar os meus pesadelos...
Um dia haveremos de falar sobre o assunto....
Feliz aniversário onde quer que estejas, tia.
Die Farbe
Devia ter afiado mais a faca de desmancho.
Estes olhos mereciam um trabalho mais claro e definido.
Com a mão direita vou fatiando o sorriso.
O segredo está na mão esquerda e na faca.
Um corte poético que exclusivisa a posição imutável do lábio superior que
sexualiza com o lábio inferior.
Passo a mão pelos olhos redondos.
Isso! Ri. Ainda, muito mais.
Haa!! Beber o verde enrolado em castanho caramelo claro,
E castanho caramelo claro.
A mão antecede sempre o corte,
Prepara o prazer da dor posterior.
Ri, por entre as argolas prateadas. Ri.
Os cortes nos dentes e no castanho caramelo.
Que coração quente!
Vermelho caramelo derretendo sobre os seios
Os dedos e a mão esquerda involuntários
Morreu pelo tocar da campainha precocemente
O cadáver cai com estrondo no chão.
"Repetiu-me Apolo o vaticínio: que eu
seria o assassino de meu pai; e rei; e
marido de minha mãe, sem a conhecer;
e tronco de uma prole infame!..."
(SÓFOCLES - Édipo Rei.)
Em Delfos. Com pavor, de pé, no ádito escuro,
Édipo escuta... O deus, rugindo de ira e ameaça,
Pela boca da Pítia em êxtase, devassa
O tempo, e o arcano véu destrama do futuro:
"Rolarás do fastígio à ignomínia e à desgraça!
Rompendo de um mistério o impenetrável muro,
Num sólio ensangüentado e num tálamo impuro
Gerarás, parricida, a mais odiosa raça!"
É a Esfinge, a glória, o reino, o assassínio de Laio,
E o amor sinistro... Assim troveja a voz de Apolo
E enche o sacrário... O céu carrega-se de bruma;
Fuzila; estruge o chão; reboa no antro o raio...
E, enquanto Édipo tomba inânime no solo,
Sobre a trípode a Pítia, em baba, ulula e espuma.